não planeje, vai lá e faz!

 

… mas o título desse post também poderia ser:

“Como ser uma pessoas mais espontânea e, ainda por cima, se divertir durante o processo”

 

Oie, tudo bem?

O post de hoje é um reflexo sobre os dois últimos anos e como isso afetou, de diversos modos, minha relação com o mundo, as pessoas e o meu próprio processo criativo.

Na era pré-pandemia (haha socorro), eu tinha o hábito de sair em busca de aventuras espontâneas, que geralmente envolviam música, livrarias, longas tardes em cafés ou nos restaurantes com varandas voltadas pra rua, observando as pessoas aleatórias que passam ou apenas flanando pela cidade sem motivo aparente. Só que desde o início da pandemia a minha diversão instantânea de observar o meu entorno e me deixar ser surpreendida por ele sofreu um bocado. No início tivemos que conviver com o lockdown, o distanciamento social e os locais fechados, e então veio a reabertura cautelosa quando até uma ida ao bar aberto ou à varanda do restaurante precisava ser reservada com antecedência e seguir protocolos de distanciamento. As ações deixaram de ser leves e de repente tudo passou a ser pensado, intencional, cerebral...

Não só parece tolice planejar qualquer coisa, mas depois de dois anos de frustração e autocontrole é até difícil reunir algum entusiasmo para fazer algo de improviso assim, do nada

E isso, pra mim, é uma grande perda… #kkkkcrying. Embora a gente pense que planejar o evento já seja metade da diversão, pesquisadores descobriram que as pessoas se divertiam mais em atividades livres e improvisadas. Marcar na agenda um o café ou um filme, por exemplo, fazia com que as pessoas se sentissem “menos livres e mais parecidas com o trabalho”. Eu entendo. Há anos deixei de frequentar o cinema nos finais de semana porque estar naquele local e horário marcado me deixava ansiosa - e ansiedade é tudo o que eu não quero num sábado à tarde. É como Jane Austen escreveu há 200 anos em Emma (e que, aliás, reli nesta pandemia): “Por que não aproveitar o prazer de uma vez? Quantas vezes a felicidade é destruída pela preparação tola?!” Andei lendo demais nos últimos tempos, tentando entender essa nova relação entre as pessoas, e fato é que a pandemia trouxe caos e desordem pros nossos planos, mas ainda podemos ter algumas aventuras no impulso do momento. No meio dessa bagunça, acho que a boa notícia é que é possível tentar trabalhar intencionalmente para sermos mais espontâneos – por mais contra-intuitivo que pareça!

A chave é o relaxamento, e não o esforço

E tentar enganar a mente para esquecer que estamos tentando ser espontâneos. Porque a verdade é que se concentrar no problema vai ativar justamente a parte do cérebro que precisa desligar. E como fazer isso? Bem, entendo que a porta de entrada seja incluir hábitos de práticas de respiração, meditação e, no meu caso tem ajudado demais ilustração sem propósito. Tipo, rabiscar mesmo, sem colocar nenhuma intenção nessa ação, a não ser relaxar e me deixar levar (alô Zeca Pagodinho!). Existe até uma palavra chinesa para esse estado mental: wuwei. São as ações sem esforço, um estado em que a mente perde a noção de si mesma fica absorta no que está fazendo.

Você usa seu corpo de um jeito em que ele interage com o ambiente ao redor de uma maneira natural. Alguns pensadores modernos chamam esse estado mental de fluxo ou atenção plena: “Olhe para a luz do sol nas árvores e ouça os pássaros e você será absorvido por algo maior do que você”, diz Slingerland. “Isso tira você da cabeça e permite que você relaxe”. É bem parecido com dar um passeio com o cachorro ou mexer nas plantas – meu marido, por exemplo, adora lavar a louça porque diz que isso o acalma (e eu agradeço por isso! haha).

Tá Fabíola, mas o que isso tudo tem a ver com processo criativo?

É que não se trata só doa traumas da pandemia, passar uma noite com os amigos ou acalmar a mente: a espontaneidade também nos deixa mais felizes – e mais produtivos. Pessoas mais espontâneas experimentam menor sofrimento psicológico e sair um pouco das nossas rotinas pode ajudar a libertar a mente: desligar mesmo que por algum tempo o piloto automático mental que traz aqueles pensamentos limitantes que dizem que não podemos desenhar, surfar ou correr na chuva – e não tentar discutir com eles. Se tento desafiar esses pensamentos, acabo criando conflitos internos e assim dou ainda mais poder a esses pensamentos.

Fato que a pandemia nos deixou cara a cara com uma das maiores verdades da vida: nós nãosabemos como será o futuro e nãomedimos com precisão nosso passado – costumamos ser duros emuito críticos sobre o queficou para trás – masno momento que temos agora a gente pode escolher ser feliz, com leveza, curiosidade e nos deixando ser surpreendidos pelo inesperado. Com o entendimento de que o agora é só o que temos de concreto e alguma sorte, estaremos espertos para apreciar o momento e vivê-lo com intensidade. E aqui eu concordo 100% com a Emma de J. Austen: “Aproveitea surpresa do agora”.


Pra terminar esse assunto, deixo vocês aqui com dois processos criativos de ilustração que fiz sem muita intenção, somente pra relaxar a mente. Os resultados ficaram bacanas e pra ver é só clicar AQUI e AQUI🍌

Espero que você tenha gostado da minha reflexão pra esse post e que te inspire em alguns insights e ideias! 🌈🦩

com carinho,
FabíolaGrèco_
fabiolagreco.com